Cajazeiras e Mauriti, cidades irmãs

Por muitas vezes visitei Cajazeiras, mas desta vez o fiz acompanhado de minha família, portanto aproveitei para conhecer melhor a pátria mor

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Por muitas vezes visitei Cajazeiras, mas desta vez o fiz acompanhado de minha família, portanto aproveitei para conhecer melhor a pátria mor de padre Inácio de Sousa Rolim, berço da dos Cartaxo, que se alargou pelo Cariri cearense e teceu raízes em outras praças nordestinas: João Pessoa, Recife, Salvador…

Nos quatro dias na “terra que ensinou a Paraíba a ler”, alojado com minha família no Hotel Oasis, me dei a oportunidade de mostrar às minhas filhas a cidade de seus ascendentes, os quais descendem do patriarca português Joaquim Antônio do Couto: José Modesto de Araújo Cartaxo, meu avô, filho de Josefa Dina de Jesus e Luis de França Bezerra; ela filha de Joaquim Antônio do Couto, da cidade portuguesa do Cartaxo, topônimo que adjudicou ao seu nome, em homenagem a terra natal. A avó materna, nascida em Mauriti, filha da cajazeirense Ana Cordulina do Couto Cartaxo, irmão do Dr. Couto Cartaxo, casou-se com o mauritiense André Dantas do Quental, Capitão Miguelzinho. Nesses quatro dias, em terra de meus ancestrais, conheci melhor os restaurantes: Mansão, Panela de Barro, Tarandela e no Shopping Cajazeirense Subway e o China; percorri monumentos e espaços importantes da pátria do Comandante Vital Rolim e me aproximei da cultura diversificada de Cajazeiras: a importância do seu Carnaval, o desenho do Festival Estadual de Teatro, o artesanato diferenciado. Visitei espaços turísticos: a Biblioteca Pública Municipal Doutor Castro Pinto que me fez lembrar as palavras do historiador Deusdedit Leitão ao falar da “comovente dedicação e destemido amor do poeta Cristiano Cartaxo ao torrão natal”; a Estação Ferroviária, a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima e a Igreja de São João Bosco, a Estátua do Cristo Redentor e o Teatro Íracles Pires.

Dr. Antônio Joaquim do Couto Cartaxo, bacharel em Direto, juiz Municipal em Cajazeira, Deputado Provincial pela Paraíba, deputado federal pelo seu Estado Natal, na primeira Constituinte republicana (1891). “Foi o cajazeirense de maior projeção do século XIX, depois do inigualável educador padre Inácio de Sousa Rolim”(1);   levou sua inteligência e o nome da família Cartaxo para o Cariri: casou-se em Mauriti com Maria Leopoldina Dantas de Quental, irmã do Capitão Miguelzinho, este em seguida contraiu núpcias com Ana Cordulina do Couto Cartaxo, irmã de Dr. Cartaxo. Couto Cartaxo foi um homem dividido entre a Paraíba e o Ceará, o torrão natal e a terra de sua esposa, a ambos se entregou com amor e afinco.

O Bacharel em Direito pela Faculdade do Recife, ao casar, fixa residência em Mauriti, é nomeado Juiz Municipal por Milagres, em seguida Deputado Provincial pelo Ceará. Apega-se a terra de sua esposa, apoia o cunhado, Capital Miguelzinho, junto ao Governo Provisório do Ceará na conquista da edição do Decreto nº 51, agosto de 1890, dando a Mauriti autonomia municipal.

Portanto, Mauriti é fruto da fraternidade Cajazeirense, encerrada na iniciativa de dois homens que estavam além de seu tempo, ambos descendentes de portugueses e movidos pela mesma veemência: Dr. Cartaxo promovia a boa política, o sentimento de justiça,  alimentava o amor pelos desafios; Capitão Miguelzinho um grande empreendedor, cultivava a sociabilidade e a dedicação a família: edificou a igreja de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Município, distribuiu terrenos no povoado nascente e, não satisfeito, construiu casas no entorno da igreja e doou aos amigos e parentes para que ao povoar seu sonho ajudassem a efetivar o projeto de um futuro município.

São afinidades que nos tocam e fazem de Cajazeiras e Mauriti cidades irmãs, forjadas nos mesmos sentimentos e edificadas por mãos que somam, que lutam e que alimentam sonhos fundados na solidariedade. Francisco Sales Cartaxo Rolim, in monografia sobre Antônio Joaquim do Couto Cartaxo à Academia Cajazeirense de Artes e Letras    

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