
O padre José Alves de Macedo, nasceu em Assaré, em 13 de julho de 1910, o pai cratense, Bento José de Macedo, proprietário do Sítio Canabrava, naquele município; iniciou seus estudos em Crato: cursou o primário e secundário, deslocou-se para a capital, para matricular-se no Seminário Maior em Fortaleza, onde concluiu os estudos sacerdotais; sua ordenação presbiteral aconteceu no dia 5 de dezembro de 1943. Padre Macedo, homem culto, com cursos de reciclagem no exterior, na Bélgica por exemplo, como registra o Anuário da Diocese de Iguatu, 1973. Segundo texto do icoense WASHINGTON PEIXOTO: “ele dominava várias línguas, razões pelas quais sempre era solicitado a acompanhar alguns ricaços em viagens internacionais à Europa”.
Como presidente da celebração “suas homilias, um tanto ríspidas, eram curtas e mesmo inexistentes nas missas dominicais. Eram estritamente centradas nos textos litúrgicos, sua ação religiosa era do tipo “sacramentalista” e “ritualista” bastando às expressões oficiais para a prática da religião.
A presença de Padre Macedo lhe conferia muito respeito, as pessoas lhe tomavam “a benção” e com ele se aconselhavam, sobre negócios, orientação religiosa e convívio familiar; percorria os vastos territórios dos sertões a cavalo, andava de bicicleta vestindo sua batina surrada e sempre de chapéu preto. Era um homem pobre, todavia aristocrático; vocacionado ao sacerdócio católico ao modelo antigo.
A Paróquia da Imaculada Conceição, de Mauriti, criada em 06 de dezembro de 1943 e instalada à 08 de dezembro do mesmo ano na festa da Imaculada Conceição, por Decreto Episcopal do V. Ex.ª. Revma. Dom Francisco de Assis Pires, Bispo da Diocese de Crato; recebe, ainda, em dezembro de 1943 seu primeiro padre vigário: o sacerdote José Alves de Macedo, toma posse da nova Paróquia as 9 horas da manhã durante a Celebração Eucarística, realizada na igreja matriz por V. Exª. Revma. Dom Francisco de Assis Pires, sob os aplausos da comunidade mauritiense e com a presença de sete padres e seminaristas do Seminário do Crato.
Assareense, conterrâneo do maior repentista e poeta popular brasileiro, Patativa do Assaré, duas personalidades que enobrecem a terra natal, Padre Macedo com proeminência regional e Patativa com reconhecimento nacional: o primeiro difundiu através do evangelho o amor a Cristo e a dedicação ao trabalho nas cidades em que foi pároco; Patativa do Assaré engrandece a cultura brasileira com sua poesia, da qual emana o sentimento telúrico, levando dos “pequenos vilarejos e do arrabalde das pequenas cidades nordestinas o brilho e singularidade da cultura tradicional”, fazendo-a, ainda, se impor no mundo culto da academia.
A rua que homenageia Padre Macedo, no centro de Mauriti, tem início na Capitão Miguel Dantas, a altura da casa de “Chico do Coité”, passa por trás da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e em frente as residência de: Manoel Cartaxo, onde, atualmente, funciona a Fundação Padre Argemiro; José Bezerra, Nilo Martins e a secretaria da Casa Paroquial; no quarteirão seguintes, de um lado o muro da Casa Paroquial e do outro as paredes do antigo Colégio Paroquial; mais a frente muro do casarão dos herdeiros de Chagas Sampaio , em frente prédios comerciais; antes de chegar a praça do Aconchego residências da família Montenegro de um lado e confrontando-a residências e pontos comerciais.
Padre José Alves de Macedo, em sua trajetória como presbítero se inspirava em Marcos, 16:17: “Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura” Sua prática evangélica, em Muariti, Salinópolis – Pará, Icó, Messejana (Fortaleza), fundava-se na doação aos fies, dedicação aos filhos de Deus e na pacificação de seus paroquianos; “como Ministro de Deus,. Macedo pautou sua ação pastoral em dois relevantes eixos: “na conscientização do homem e na preparação adequada dos fiéis para a recepção dos sacramentos. ” (Anuário, 1973).
Por onde passou deixou sua marca indelével, o trabalho: os doze anos em Mauriti (1944-1955) construiu a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, Casa Paroquial, iniciou a edificação do colégio. Para a construção da igreja de Mauriti mobilizou a população: os fies a cada evento religioso levava uma pedra, um tijolo, ou uma telha; os comerciantes doavam cimento, cal, pregos, ferragens em geral; os proprietários de matas deram a madeira para a coberta e portas; as famílias mais abastadas doaram os bancos da igreja. A frente desse mutirão postava-se Padre Macedo, tal qual um maestro, controlava o tempo e o compasso correto na construção do novo templo, ao tempo que participava do concerto: ora com carpina, ora com mestre de obra; era comum vê-lo em cima do telhado, seja nivelando uma linha ou substituindo um caibro mal colocado.
Na Icó centenária, sua longa administração à frente da Paróquia da Expectação (1964-1983), foi mais evangelizadora, sobretudo com a “chegada a Icó as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo que revolucionaram a juventude icoense dos anos de 1980; começaram a nascer os grupos Focolarinos e Encontros de Casais com Cristo, sementes da atual RCC e nascentes das Comunidades Eclesiais de Base nas zonas rurais, todavia independentes de um plano pastoral paroquial – propriamente dito – e sim Diocesano, sem a presença do pároco”.
Pe. José Alves de Macedo deixou Icó para o serviço de Deus em Messejana (Fortaleza), depois de aposentado veio a óbito no início de janeiro de 1992. “Em testamento pediu que fosse enterrado no Icó, a sociedade icoense atendeu seu pedido; a missa exequial, foi presidida por Dom José Mauro, então Bispo diocesano de Iguatu. Seus despojos mortais, repousam, à espera da ressurreição da carne, na Matriz da Expectação, em Icó”. “Requiem aeternam dona ei, Domine. Et lux perpetua luceat eis.”
1 -Fontes: Anuário da Diocese de Iguatu (1973). Boletim da Diocese de Iguatu (Janeiro de 1992), texto Mauro Peixoto
FRANCISCO CARTAXO MELO