Pesquisa realizada pela Uece estimou dados dos indicadores da doença em nove capitais brasileiras. Capital cearense tem atualmente 3,4 mil óbitos pela doença.
Um estudo publicado pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) estima que sem as medidas de combate ao novo coronavírus Fortaleza teria mais de 400 mil casos da doença e 4.149 óbitos por Covid-19 até o 80º dia da curva de transmissão. Enquanto nesse período, os números reais foram de 27.905 casos de infecção e cerca de 2.500 óbitos.
Além disso, o estudo “Estimação e predição dos casos de Covid-19 nas metrópoles brasileiras” projetou também que o pico da doença ocorreria no dia 23 de abril. Atualmente, mais de 100 dias depois da primeira confirmação da doença no Estado, Fortaleza registra 37.713 casos da Covid-19 e 3.452 óbitos, conforme dados atualizados na tarde desta quinta-feira (9) da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
A pesquisa, publicada na Revista Latino-Americana de Enfermagem, analisa ainda os indicadores de outras oito capitais brasileiras escolhidas por apresentarem, à época, os maiores números de casos da infecção, são elas: Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, do Sudeste; Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, do Sul; Manaus, da região Norte; Salvador, do Nordeste.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores Thereza Magalhães, Lúcia Duarte, Raquel Florêncio, George Sousa, Thiago Garces e Virna Cestari aplicaram um modelo matemático e epidemiológico para os casos suscetíveis, infectados e recuperados já usado há bastante tempo. Com as estimativas obtidas por meio de equações diferenciais, os resultados foram colocados em logaritmos e comparados com os números reais.
“Assim que nós tivemos na plataforma dados suficientes de pacientes que permitissem fazer uma análise estatística mais robusta, elaboramos o modelo preditivo, testamos e depois executamos. Como estava muito no início ainda, fizemos então a predição dos próximos 80 dias, que já passaram”, explica a professora Thereza Magalhães, enfermeira e membro do Grupo de Trabalho para enfrentamento à pandemia do coronavírus na Uece.
De acordo com a professora, a pesquisa mostra o efeito das medidas tomadas no Estado para proteção da população. “Acredito que o isolamento social foi fundamental e continua sendo, pois diminuem o contato pessoa a pessoa. A transmissibilidade do vírus é alta, mas se eu não estou aglomerando pessoas, esse fluxo é quebrado e se tem uma supressão dos casos”, aponta.
Novos casos
Apesar de a curva de casos da doença estar em queda e a taxa de transmissão ser menor que 1 há mais de 45 dias, o estudo projeta que novas infecções serão registradas até o mês de setembro e, por isso, é fundamental a manutenção dos cuidados e das medidas de combate ao vírus.
Thereza explica que essa queda, também chamada de decaimento exponencial da curva, deveria estar mais acelerada em Fortaleza. “O fato de as pessoas saírem de casa sem necessidade ou sem máscara contribui muito para que a gente perca a oportunidade de aproveitar a fase mais acelerada desse decaimento, que está acontecendo de forma mais lenta do que deveria, então devemos fazer o máximo possível para seguir em isolamento”.
Outro fator influencia nessa possibilidade, já que há forte expressão dos casos nos municípios do interior, conforme a professora. “Estamos em tempos diferentes, capital e interior. Quando a gente tiver os picos no interior, algumas dessas pessoas podem vir a Fortaleza em busca de ajuda. A pandemia não acabou, é importante seguir com os cuidados”, finaliza.

Fonte: Portal de Noticias G1