RELIGIÕES NOS MUNICÍPIOS: MAURITI, MILAGRES, BARRO, PORTEIRAS, MISSÃO VELHA, AURORA, BREJO SANTO (II)

Esse é o segundo texto em que examino a evolução das principais crenças religiosas conficionais no Brasil; no primeiro texto comentei o

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Esse é o segundo texto em que examino a evolução das principais crenças religiosas conficionais no Brasil; no primeiro texto comentei o mapa da religiosidade no Brasil e “en passant” em Mauriti; hoje descrevo o cenário geral  no Brasil, mas foco na situação  local,,

QUADRO I MUNICÍPIOS DO SUL CEARENSE

MUNICÍPIOSCATÓLICOSEVANGÉLICOSESPÍRITAUMBANDA ECANTOMBLEOUTRASS/RELIGIÃO
MAURITI87,28%10%  0,47%   0,08%  0,8%   1,36%  
MILAGRES86,5%  10,71%  0,12%0,06%  1,24%  1,37%  
BARRO86,19%  10,4%  0,73%  0,13%  0,97%  1,44%  
PORTEIRAS83,71%  13,05%  0,12%  0,19%  0,95%  1,86%  
M. VELHA85,88%  11,14%  0,13%  0,29%  0,24%  2,19%  
AURORO87,03%  10,65%  0%  0,03%  0,89%  1,4%  
BREJO SANTO88,4%  8,99%  0,14%  0,16%  0,61%  1,69%  

FONTE CENSO IBGE 2022

O Brasil é considerado a maior nação católica do mundo, em 1970  havia 91,8% de brasileiros católicos, em 2010 essa proporção caiu para 64,6%; enquanto isso os evangélicos pulou de 5,2% (1970) para 22,2% (2010) da população. Na penúltima década (2000-2010) a população católica sofreu uma redução no número de fiéis de 1,7 milhões, encolhimento em 12,2% (censo de 2010 – IBGE). Já no censo de 2022, IBGE: 56,7 % da população (aproximadamente 100,2 milhões de pessoas) são católicos; 26,9 % (cerca de 47,4 milhões de pessoas são da fé evangélica. Essas proporções representam uma queda de 8,4 pontos percentuais entre 2010 e 2022 para os católicos (de 65,1 % em 2010 para 56,7 % em 2022), e um aumento de 5,3 % para os evangélicos (de 21,6 % para 26,9 %) no mesmo período.

O Brasil, mesmo assim, continua majoritariamente católico, mas os evangélicos vêm crescendo de forma significativa. Quanto ao número de brasileiros sem religião também aumentou, atingindo 9,3 %, enquanto religiões afro-brasileiras (como umbanda e candomblé) chegam a 1 % e espiritismo cerca de 1,8 %.

Segundo constatação de especialistas da área, essa migração de católico  para as religiões evangélicas tem especulações diversas: os mais conervadores vão em busca de uma moralidade mais rígida em questões como sexualidade e família; ou atraídos por experiências religiosas mais pessoais e emocionais, tipo teologia da prosperidade, ou uma abordagem mais prática para problemas cotidianos (financeiros, familiares, de saúde); senão, pela falta de acolhimento ou sentimento de exclusão na Igreja Católica.

As igrejas evangélicas, muitas vezes menores e mais comunitárias, oferecem uma relação de pertencimento mais forte, mediante maior participação leiga; além do forte investimento em mídia (rádio, TV, redes sociais) e em estratégias de evangelização direta, como cultos em casas entre outros fatores.

Se olharmos o cenário da religiosidade em Mauriti e em outros municípios do sertão do Cariri, pela ótica do censo de 2010 e compararmos com o Quadro I: em 2010, 91,1% da população de nosso município professavam a fé católica; 6,4% eram evangélicos (1,0% batistas, presbiterianos e 5,4% assembleia de Deus e universal); outras religiões 0,7% (incluindo espíritas, umbanda, outras); sem religião 1,6% e sem definição religiosa 0,2%. Portanto, entre 2010 – 2022 (censo IBGE), 3,82% dos católicos mauritienses migraram para outras religiões.

Brejo Santo, em 2010 com 86.3% de católicos, em 2022 (88,4%) (Quadro I), dos municípios examinados, é o que detém o maior número de fiéis católicos; os evangélicos (8,5%) permaneceram, basicamente, inalterados; as pessoas sem religião 4,2% em 2010, caiu em 2022 para 1,69%, inflexão de 2,51%.

Se pode inferir desses cenários: que há uma corrida, ora silenciosa, ora mais ostensiva de pessoas se filiando as crenças evangélicas; que os fiéis católicos, em geral, têm diminuído; e que as religiões evangélicas tem crescido mais nas áreas periféricas, bairros menos assistidos pelas políticas públicas e no entorno das cidades interioranas. Essas populações em regra se apropriam das narrativas da direita, tornando-se vulneráveis ao assédio da direita protofascista, e de pastores politiqueiros que utilizam seu rebanho como massa de manobra política.

FRANCISCO CARTAXO MELO

ARTICULISTA DO ESPAÇO CARIRI

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