
Por Marcela Carneiro
Com formação em Pedagogia, Especialista em Educação do Campo (Pedagogia Histórico Crítica) pela Universidade Federal do Ceará – UFC.
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Entre a rotina de trabalho, a criação dos filhos e a busca por tempo para si mesmas, milhões de mães brasileiras enfrentam diariamente um desafio silencioso: equilibrar múltiplos papéis sem perder a própria identidade.
A jornada dupla (ou tripla) das mães
No Brasil, de acordo com dados do IBGE, mais de 45% dos lares são chefiados por mulheres. Muitas delas, além de trabalharem fora, ainda assumem a maior parte das responsabilidades domésticas e o cuidado com os filhos. O resultado é uma sobrecarga que impacta diretamente na saúde física e emocional.
A psicóloga familiar Ana Paula Silva explica:
“Grande parte das mães sente culpa por não conseguir estar presente em todos os momentos da vida dos filhos, enquanto também lutam para se manter firmes na carreira. Esse desgaste emocional precisa ser olhado pela sociedade como um todo, e não apenas como um problema individual.”
A falta de apoio e as redes que se formam
Outro ponto de destaque é a carência de políticas públicas. O Brasil ainda enfrenta déficit de creches e escolas de educação infantil em tempo integral, o que dificulta o retorno das mães ao mercado de trabalho.
Diante disso, muitas recorrem a redes informais de apoio, como avós, irmãs, vizinhos ou até grupos de mães que se ajudam mutuamente. Esses arranjos, apesar de improvisados, se tornam fundamentais para que elas consigam manter a rotina.
Saúde mental: um alerta necessário
O impacto psicológico também é evidente. Pesquisas recentes indicam que cerca de 30% das mães sofrem sintomas de ansiedade ou depressão pós-parto, e muitas continuam enfrentando crises de estresse mesmo anos após o nascimento dos filhos.
A pedagoga e mãe de duas crianças, Juliana Martins, relata:
“Descobri que, se eu não reservasse um tempo para mim, mesmo que fosse apenas 30 minutos por dia, eu não teria energia para cuidar dos meus filhos. O autocuidado não é luxo, é necessidade.”
Caminhos possíveis
Especialistas apontam que algumas mudanças podem aliviar essa realidade:
- Expansão da oferta de creches públicas e acessíveis.
- Programas de apoio psicológico materno.
- Empresas mais abertas a flexibilizar horários ou oferecer home office parcial.
- Incentivo ao envolvimento maior dos pais nas rotinas domésticas e de cuidado.
Conclusão
A maternidade no Brasil ainda carrega o peso de uma cultura que coloca quase toda a responsabilidade nos ombros da mulher. No entanto, cada vez mais mães estão levantando a voz para mostrar que cuidar de si também é uma forma de cuidar da família.
O desafio continua sendo encontrar o equilíbrio entre carreira, filhos e autocuidado — mas essa luta, longe de ser individual, precisa ser abraçada pela sociedade como um todo.
fonte; leiasemprebrasil.com