Para o observador não participante, mas com acuidade e atenção, enxerga a movimentação de cada vereador como personagens do “theatrum locus”, que passou a ser o plenário da câmara. Cada edil carrega na gesticulação e na fala, enfatiza sua parte no “script” para que a plateia eleitores julgue seu desempenho, o reconheça como o ator principal, ninguém quer ser coadjuvante: uns e outros, enfatizam na gesticulação, busca a melhor performance, elevam o tom da fala, na ânsia de agradar seu público.
Essa vaidade exagerada e muitas vezes narcisistas, contudo, não deixa de transparecer um grupo de pessoas na aparência intimistas, porém na verdade, politicamente, são inimigos íntimos, ou adversário explícitos que disputam a atenção do eleitor, porém muitas vezes deixa de lado compromissos feitos com seus eleitores e, portanto, com a sociedade.
Será que a vigilância, o cuidado com o desempenho do executivo, resulta em cobranças e questionamentos que desnudem o descaso com: o desenvolvimento sustentável de nossa urbe, o bem estar da população, uma cidade segura sem ruas escuras, condições de mobilidade para que o idoso trafegue nas calçadas, seus espaços para locomoção, sem o perigo de se machucarem, área de lazer para as crianças, espaços seguros para caminhadas.
Até agora não existe senhor prefeitos e vossas excelências vereadores. Nossas calçadas são montanhas russas, batentes intransponíveis; a maioria de nossas escolas não tem o mínimo de conforto, professores sufocam no calor; a saúde com filas intermináveis, falta de medicamentos; estradas vicinais que se desmancham ao sentir a ameaça de chuva.
Como debatemos esse quadro dantesco na casa do povo, não fazemos com a profundidade merecida, porque para fazê-lo temos que examinar com cuidado a relação custo-benefício das ações do executivo: o desperdício, identificar quem se aproveita com a execução de obras mal feitas; além do mais, isso dá trabalho e pode não desagradar o senhor prefeito e empreiteiros.
Ou mesmo toldar a “maestria do nobre líder” do governo na câmara – entenda como maestria “profundo conhecimento e sabedoria sobre qualquer assunto ou disciplina”.
O filósofo e político inglês THOMAS HOBBES (1588-1679), tem uma resposta pra esse tipo de acomodação política: “o poder tem sido tradicionalmente definido como consistente nos meios para se obter alguma vantagem”
CARTAXO MELO – ARTICULISTA DO ESPAÇO CARIRI
