Eleição 2020, Uma derrota anunciada; Uma vitória com muitas surpresas

Ao se examinar as eleições municipais no Brasil, em face do grande número de partidos, defronta-se com um verdadeiro arco íris, as

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Ao se examinar as eleições municipais no Brasil, em face do grande número de partidos, defronta-se com um verdadeiro arco íris, as cores partidárias se multiplicam, vazias de conteúdo ideológico; distantes do eleitor, fomenta sua incredulidade quanto a importância dos partidos políticos, o que, inexoravelmente, abala o fervor democrático da população. Esse distanciamento quanto ao papel dos partidos políticos impacta nas novas gerações provocando certo enjoo e apatia no que respeita a vida partidária e a política.   

Em Mauriti não é diferente, no entanto o PT, aqui, fez a diferença com o remanescente da militância petista, após o desastre da gestão Evanildo; municipalizaram o credo do partido dos trabalhadores, difundiram sua marca, tendo como produto principal Isaac Júnior; como um sanduiche de fast-food, seus eleitores deixaram-se obnubilar  pela aparência do produto; não se detiveram na essência  da campanha: processos no aguardo de decisão judicial, obras inacabadas, dívidas com instituições federais, etc. Enquanto isso as lideranças da situação, sobretudo o ex-prefeito Mano Morais, distanciado da campanha silenciava, quanto a revoada de suas lideranças para o ninho petista, lideranças e pessoas de sua estreita confiança. Ao tempo, que Dr. Sávio Martins se deteriorava, eleitoralmente, no correr do processo das démarches políticas. Sem um deputado federal para acolhe-lo, apoiá-lo, ostensivamente, recursos limitados, a engrenagem que administrava sua campanha, na grande maioria, montada a partir da campanha do renunciante (Mano Morais) o que lhe deixava pouco espaço de manobra e inovações.   

Na sutileza política, na humildade estudada, Isaac Júnior, capitalizou a campanha sem ser perturbado, seriamente: não se soube explorar a diversidade de obras inacabadas do PT, o afastamento do ex-prefeito Evanildo, muito menos os processos de improbidade que persegue a cúpula petista. Tudo isso, ajudado pela passividade e omissão da cabeça da coligação PDT/DEM. Nesse ambiente fértil Isaac Júnior consolidou sua candidatura e foi alimentando-a com a publicação de seguidas pesquisas que lhe davam vantagem. Uma das primeiras pesquisas ao ser publicada apresentava vieses do ponto de vista da metodologia, contudo nosso jovem setor jurídico ao questioná-la, judicialmente, não obteve o êxito por todos esperado; foi um balde de água fria na militância, distanciamento daqueles que podiam ajudar financeiramente a campanha, vindo em seguida o pior dos mundos em campanha política: a maioria dos candidatos a vereador partiu para o salve-se quem puder, passaram a esgrimir seus votos sem preocupação com o candidato a prefeito que lhes garantiu o direito de serem candidatos e que, inequivocamente, com sua derrota, todos seriam derrotados, mesmo os mais ferrenhos adesistas, cujo partido é o partido do poder.

Não obstante, a vitória de Isaac Júnior, para o PT esse não será o melhor dos mundos, a gestão petista pela primeira vez, depois de três mandatos na prefeitura de Mauriti, terá que enfrentar a fúria bolsonariana, a crise gerada pela pandemia e o apoio de um deputado federal com discutível credibilidade.  É importante observar, ainda, que o mapa que saiu das urnas não tem, no comando das capitais, nenhum petista, o que diminui o peso das lideranças do PT em suas reivindicações junto aos governos federal e estadual. Assim, se a oposição nacional e estadual cerrar fileiras contra o PT só resta a Isaac Júnior cantarolar Maysa: “meu mundo caiu”; e a população de Mauriti que já assistiu uma derrota anunciada, convive com uma vitória com muitas surpresas.      

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