A frase é uma paródia ao título da peça, do teatrólogo italiano Luigi Pirandello: “Seis Personagens a Procura de Autor”; não comentarei a peça, apenas direi que ambos os títulos sintetizam a “relação entre realidade e representação”. Pois, não é crível que na realidade da política uma coligação de seis parlamentes declinem de concorrer à presidência da casa para votarem em um terceiro, de partido que na disputa eleitoral se constituía, também, em adversário, já que tinha candidato próprio a prefeito; na disputa os partidos fora de suas coligações são adversários reais. Quanto a representação, esta se efetiva na própria inocência política do acordo formatado entre os pares do DEM/PDT ao se comprometerem entre si a fazerem oposição na câmara. Como o vereador do PROS, provável urgido a presidência, diz que votará todas as demandas legislativas que sejam boas para Mauriti, pergunta-se, do ponto de vista de quem: do prefeito eleito, dos seus pares? Se a bancada do DEM/PDT defende esse mesmo sentimento, onde ficam as propostas de governo defendidas pelo candidato do DEM e pela coligação. Em política todo e qualquer acordo é, obrigatoriamente, firmado a partir de um plano de ação, um documento de compromissos que seja conhecido pelo eleitor que elegeu seu vereador; não a partir de duas palavras tão desbotas, tão vulgarizadas, no jargão político, simplesmente, FAZER OPOSIÇÃO. Mais, quem coroa um acordo no legislativo é sua missão basilar: promover a fiscalização e o controle do executivo, fora disso, é apenas uma aliança tática, por isso mesmo efêmera, para a finalidade que se propõe.
A eleição de quinze de novembro, próximo passado, mostrou outra coisa, que a visão do eleitor em relação ao político tem a ver com o partido, com a militância. Os partidos anêmicos, ultimados para participar de uma eleição, candidatos arranjados de última hora, ou os que não acreditam em partidos, em regra não lograram êxito, a sociedade por mais que esteja decepcionada com os homens públicos, por incrível que pareça, ainda, acredita nos partidos e nos políticos resilientes.
FRANCISCO CARTAXO MELO