

A família Evangelista de Santana chega a Mauriti, vindo da Paraíba via Monte Orebe; faz sua primeira parada no Distrito de Espírito Santo, os irmãos José, Ernesto, Manoel e Luiz Evangelista de Santana se enraízam em Mauriti. José Evangelista de Santana e sua esposa Ana Rita se radicam no Sítio Curtume, explorando a agricultura e os negócios com tecido, juntamente com os filhos Antônio, Joana, Raimundo e Manoel Evangelista de Santana, NECO SANTANA. A amizade de José Evangelista com o Padre Cícero levou o filho, Neco Santana, ao Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde iniciou seus estudos; ao deixar o seminário, constitui família em Mauriti, iniciando-se na política, em momento de convulsões e mudanças na vida administrativa e política da nação.
Na década de 1920/30 as placas tectônicas da política nacional se moveram com intensidade, produzindo choques e enfrentamentos entre partidos políticos e fora deles: revoltas no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, movimentos que reforçaram a Coluna Prestes e culminou na Revolução de 1930. Tensões que prestaram um desserviço à democracia, viabilizando a deposição do Presidente Washington Luiz e a tomada do poder por Getúlio Vargas; como Presidência da República, Vargas assumiu o governo provisório (1930-1934), ao ascender ao pódio presidencial gerou o famigerado ESTADO NOVO; o Caudilho Gaúcho se organiza e em 1937, dá novo golpe, permanecendo como ditador até 1945, quando foi defenestrado da presidência por um golpe militar. Durante a Ditadura Vargas os Estados da Federação eram governados por interventores, nomeados por Getúlio, os quais nomeavam os prefeitos municipais. No Ceará o movimento contra as oligarquias estaduais tem como líder o dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora, da Aliança Liberal, seu primeiro interventor. Em Mauriti as famílias que vinham se revezando no poder municipal, até o ano de 1934, ligadas as antigas oligarquias metropolitanas, eram Furtado Maranhão, Araújo Lima e Sousa Leite.
Em 1935 assume o governo do Ceará Francisco Menezes Pimentel que altera a geopolítica local, em Mauriti não é diferente, nomeia Prefeito Municipal Manoel Santana – NECO SANTANA -(1935-1938). Jovem, pouco conhecido estamento oligárquico, ascende ao poder municipal e emerge na política de Mauriti como outsider; assume os destinos da cidade natal sem a anuência dos coronéis locais, que mesmo arreliados, mas apartados da opinião pública não tiveram tempo nem espaço político para reagir as mudanças. Como quarto interventor de Mauriti (1935-1937), substituiu Teodorico de Sousa Leite na prefeitura municipal, também nomeado (1930-1934), cuja nomeação ocorreu antes do início do ciclo Getulista.
NECO SANTANA, nomeado interventor de Mauriti para o exercício de 1935-1938, realiza seu encontro democrático com o povo nas eleições municipais de 1938, se elege o primeiro prefeito saído das urnas, para o quadriênio 1939-1942. Tinha como concorrente Emídio de Sousa Leite, filho do Major Zé Francisco, político e figura de destaque no setor agropecuário; Emídio contava com o apoio do cunhado, ex-prefeito, chefe político, agropecuarista e industrial, Teodorico de Sousa Leite. Neco homem simples com boa apresentação, se impõe como liderança local, além de desenvolto e afável no meio político, se relacionava bem com os chefes políticos da capital; fez como administrador bons projetos e várias realizações, apesar dos pouquíssimos recursos que arrecadava.
A família dos Evangelista de Santana era composta de pessoas simples e cuidadosa nos relacionamentos pessoais; alimentava uma sensível irreverência e era dotada de grande presença de espírito. Neco foi o único a estudar e fazer política partidária, contudo, neófito no meio político, Nego Santana era homem de compromisso com seu município e lealdade aos correligionários, entre os quais se destacava a vereadora dona Maroquinha, mãe de dona Gerça e sogra de Chagas Sampaio, seu tesoureiro na Prefeitura Municipal; como reconhecimento ao apoio de dona Maroquinha, Neco Santana usando de seu prestígio junto as autoridades da capital conseguiu destituir o tabelião, ligado a Teodorico e nomear Chagas Sampaio como tabelião do Cartório do Segundo Ofício de Mauriti; como administrador, em 1938 eleva Mauriti de vila para cidade e define os limites distritais; constrói a primeira lavanderia pública para atender a população mais pobre entre outras realizações.
FRANCISCO CARTAXO MELO,
Economista e Professor. Universitário aposentado
Nota:
- estimaria que parentes ou pessoas que tenham mais informações sobre NECO SANTANA, se possível, enviem para o e-mail: fcartaxomelo@hotmail.com, pois prestarão uma grande contribuição para a história de Mauriti e fazemos o resgate histórico de um grande político. No próximo escrito farei uma análise política e administrativa da gestão de Neco Santana como interventor.
- Agradeço as informações prestadas por José Nezinho, Dr. Edilson, Nina e Maria do Carmo, todos parentes de Neco Santana.