Gilmar Mendes: “O Solidário”

De maneira monocrática, ou autoritária agindo junto a seus pares Gilmar Mendes acata liminar, consegue que Turma autorize a empresários e políticos

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De maneira monocrática, ou autoritária agindo junto a seus pares Gilmar Mendes acata liminar, consegue que Turma autorize a empresários e políticos deixarem a prisão; os benefícios da liberdade para presos da Lava Jato já alcançaram Lula e seus companheiros: Bumlai, ex-tesoureiros partidários, João Carlos Janu, soltos com o esforço, a dedicação e voto de Gilmar. Ao proferir seu voto, em seção do STJ, julgamento do pedido de liberdade de Dirceu, criticou a força-tarefa do Ministério Público Federal, em Curitiba, por ter entregue à Justiça Federal uma nova denúncia, a terceira, contra o ex-ministro da Casa Civil, acusando-o pela prática de 33 crimes de lavagem de dinheiro, no caso R$ 2,4 milhões, propinas das empreiteiras Engevix e UCT Engenharia.
Para Mendes a veleidade dos jovens procuradores em querer com a pouca experiência pressionar o Supremo era uma “brincadeira juvenil”. A arrogância dissimulada do Ministro Gilmar Mendes, ao apelar para o “se cedêssemos a esse tipo de pressão, deixaríamos de ser o STF”, se choca frontalmente com o que a sociedade defende em relação as prisões de Curitiba. As decisões do Ministro estão fora do alcance do senso comum, a sociedade talvez não as veja com a mesma simplicidade que um operador da lei, por isto fica perplexa quando leem notícias como a liberdade de Lula e companheiros, de delatores que reconheceram seus crimes.
A sabedoria de Sócrates é sempre um alento para manifestações como as do Ministro Mendes, operador de uma justiça que só alcança os pobres. Diz o filósofo grego: “Não pense mal dos que procedem mal; pense somente que estão equivocados”. Contudo, sabemos que Mendes não está equivocado, pois é de sua natureza ser um aliado das elites e fazer vista grossa as deformações morais dessa gente. Soberbo, Ministro ancora seu discurso em um curriculum invejável: mestre e doutor em direito, Ministro do STF pelas mãos de FHC, de quem, ostensivamente, é amigo leal. Gilmar vem de uma família de políticos e magistrados: o avô foi desembargador, tios e primos juízes, o pai e o irmão prefeitos de sua cidade natal, Diamantino, Mato Grosso. O Ministro carrega o sentimento dos grotões, o “amigo dos amigos”, a esses o benefício da lei, aos desafetos o rigor da lei, herança de Diamantino que suplanta o sentimento de civilidade assimilado na Europa ou Estados Unidos, durante os cursos de pós-graduação. A diferença de mores, todavia, que herdou de Diamantino e a convivência com as exigências de sociedades democráticas e civilizadas, levam-no a exasperação e com isso exala se mau humor junto aos colegas de ministério, produzindo confrontos desgastantes para o STF. Ao agir movido pelo espírito de Diamantino, o faz como o Coronel Chico Heráclito: “A lei é como uma cerca – quando é forte a gente passa por baixo; quando é fraca a gente passa por cima”. Assim, foi quando confrontou os Procuradores Regionais e membros do Ministério Público; bateu de frente com o Ministro Joaquim Barbosa que o acusou de estar “destruindo a credibilidade da Justiça brasileira” e desafiou-o a “sair à rua“; chamou a lei da Ficha Limpa de “barbárie da barbárie” e a comparou ao nazifascismo,”; bateu de frente com a Ordem dos Advogados do Brasil, mas sempre respeitando e recebendo as cavilações das grandes bancas de advogados. São muitas as lambanças que o Ministro Gilmar Mentes tem protagonizado e que só uma sociedade mais exigente e mais consciente, que eleja parlamentares altivos, republicanos e independentes podem colocar limites e fazê-lo ver como disse JOHN RAWLS que: “JUSTIÇA É A PRIMEIRA VIRTUDE DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS”.
Francisco Cartaxo Melo

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